Corre Ceará

Por Stephanie Barreto Silva Aguiar@stephaniebsaguiarpsi

Acordei com uma mensagem de uma grande amiga dizendo: “vamos fazer nossa primeira corrida?” Nessa hora, me senti em filme cartoon em que um boneco do mal dizia: você não é capaz. No lado oposto, outro boneco do bem dizia: por que você não seria capaz? Mesmo com o friozinho na barriga, resolvi dar ouvidos ao boneco do bem.

Como estudiosa da mente humana, sabia que os meus pensamentos disfuncionais iriam me sabotar e potencializar minhas crenças de incapacidade, me deixando cada mais ansiosa, frustrada e triste. Dessa forma, resolvi enfrentar. Racionalizei: preciso começar pelo começo e me inscrevi na primeira fase, corrida de 5km.

Coloque na balança ambos os bonecos ouvi que cada um tinha para dizer e usei da minha racionalidade para responder: vou me esforçar, dar o meu melhor e seguir com estratégia e eficiência. Vou usar a metáfora da escada, degrau a degrau, sem pular e/ou subir nada a mais.

Os dias foram passando e eu comecei a me preparar para prova. Cada novo dia, me percebia melhor em pequenos detalhes, respiração mais horizontal, pensamento mais voltados para as minhas sensações e para o presente. Comecei a olhar para minhas pequenas conquistas diárias e passei a dar mais ouvidos para elas. Foi assim que me vi capaz. Antes de qualquer coisa, capaz de me superar e de, cada vez mais, não dar mais ouvidos ao boneco do mal.

Na véspera da corrida, busquei me preparar mais ainda. Havia dado o meu máximo fisicamente, mas também a parte emocional que é tão importante quanto. Olhei para dentro e deixei que meus pensamentos tomassem conta de mim. Os ouvi, os respeitei, os senti, os deixei ir, acreditei em mim. Pode parecer pouco, mas esse exercício é o que faz a diferença.

Na hora da largada, senti paz interior. Senti que era o meu momento comigo mesma. O começo de uma relação formal entre eu e a corrida. Fui genuinamente feliz. Feliz por ter acreditado na minha capacidade e por não ter dado ouvidos aos pensamentos irreais e sabotadores. Fui feliz. Fui eu, espontaneamente. Corri leve e fiz minha parte. Cruzei a chegada e pensei: quando será a próxima corrida? Quero fazer minha inscrição.

Moral da história: todos nós temos bonecos do bem e do mal. Temos escolhas diárias que fazem com que possamos dar mais ouvidos e, por consequência, reforçar mais um do que o outro. Cabe a nós encontrarmos uma visão mais realista e não deixar que os nossos pensamentos sabotadores falem mais alto do que as nossas reais capacidades.

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