Texto por: Joana Sampaio
“O que ela quer da gente é coragem” — Guimarães Rosa
Olá me chamo Joana D’Arc, e na expressividade do meu nome também me considero guerreira.
O meu interesse pela corrida começou de forma virtual.
Ficava admirada na capacidade do ser humano em correr tantos quilômetros sem parar, foi aí que decidi me aventurar.
Recém formada em Agosto de 2023, desempregada e com a ansiedade nas alturas, tentei correr no intuito de fugir dos meus pensamentos.
A mágica não aconteceu como eu fantasiava nas redes socais, mas senti a necessidade de melhorar meu desempenho.
Eu corri 200 m no calçadão do interior da minha cidade e vi a minha alma sair do corpo (Literalmente).
A partir desse momento descobri que não era só uma pessoa desempregada como também sedentária.
Na virada do ano de 2024, coloquei como meta praticar mais atividades físicas e a corrida se tornou um aliado.
Não entendia bem de Pace, RP, esses trem que a gente vai se comunicando quando entra no grupo. Porém, comecei intercalando a caminhada com alguns treinos intensos correndo.
Falhei algumas vezes, por desistir de mim e me deixar consumir pela ansiedade.
O fôlego faltava e o desconforto era grande.
Sabe aquela música do Emicida com um refrão “Quem tem um amigo tem tudo”.
Era o impulso que me faltava.
Consegui um emprego e uma amizade também de brinde.
Pasmem! Descobri que ela também gostava de corrida.
E no mesmo dia, no mês de Janeiro de 2024 combinamos de correr no calçadão.
Eu sem nenhum preparo, mas não querendo demonstrar. Fui obrigada a correr 3 km sem parar ( —Tudo bem, foi num ritmo lento), mas quase vejo novamente minha alma sair do corpo.
Eu sobrevivi!
Desde então, ela me fez entrar na academia e intercalar com os treinos de corrida.
Pouco a pouco eu descobri que não tinha tantas crises de ansiedade e que minha vida começou a caminhar.
Essa minha amiga, havia comentado sobre a participação em corridas de rua. E que eu deveria um dia me oportunizar essa experiência.
Veio a corrida das Estações e, infelizmente, fiquei doente. Fui obrigada a fazer o repasse da corrida em questão.
Perdi as esperanças em me inscrever novamente em uma nova corrida. Até que um belo dia, ao ver a postagem da corrida da Infantaria decidi fazer minha inscrição.
E para minha infelicidade nenhum dos meus amigos iriam participar.
Nem mesmo ela!
Ok! Me mantive firme.
Sabe aquela voz que te faz pensar em desistir e achar que tudo isso é loucura?!
Pegar um ônibus a 4 horas de Fortaleza para correr em troca de uma medalha de participação e uma banana kkkk (sozinha ).
Fui chamada de louca! Até eu tava acreditando nisso.
Mas, no decorrer da minha preparação eu descobri o quanto isso iria ser importante em minha vida.
Que eu conseguiria participar, iria enfrentar essas 4 horas de viagem numa capital que fui poucas vezes e iria arrasar.
Comprei minha passagem e fui!
Ela tinha um sonho e um tênis.
No dia que fui buscar o kit da corrida, eu estava num misto de alegria e orgulhosa por estar ali e não ter desistido.
No grande dia, eu fiquei surpresa ao ver o tanto de gente desconhecido que acorda cedo em busca de uma medalha e uma banana.
Mas, meus amigos por trás de cada pessoa que estava do meu lado, existia uma história de superação. Cada um trazia consigo um objetivo.
Isso era fantástico!
Quando foi dada a largada, senti um aperto no peito ( não era de ansiedade ), mas de alegria por estar ali.
Agradeci ao meu Deus por estar vivenciando aquela experiência. Faltando 1 km para terminar, apressei o passo e não contive as lágrimas.
A emoção tomou conta de mim e eu estava completando mais um desafio.
Um desafio pessoal, de luta contra pensamentos ansiosos e de superação.
Eu não estava sozinha, eu tinha a mim mesma.
Liguei para meu pai com os olhos marejados e compartilhei mais essa conquista.
Fiquei em êxtase por quase 12 horas.
E voltando para meu interior, eu tive a certeza que foi a melhor escolha que pude fazer da minha vida.
PS: Se eu não conhecia ninguém, fiz várias amizades nos grupos de corrida, entrei no grupo do Corre Ceará, tirei foto de desconhecidos kkk, desconhecidos tiraram fotos minhas e assim venci mais uma etapa.
Nunca deixe de fazer algo importante pra você por achar que é bobagem.
Durante minha caminhada estou na busca de me aceitar e amar minha própria companhia.
Vencer a ansiedade ainda é um desafio.
A corrida me proporcionou paz nos momentos de aflição e o constante desafio de superar meus próprios limites.
Parabéns!
Como você mesma escreveu:
APERTO NO PEITO DE ALEGRIA!
💙🩶♥️💜🤍🩵🧡💚💚💛
❤️❤️❤️
Joana, aqui alguém que exatos 15 meses atrás descobriu da pior maneira o que é crise de ansiedade.
Tive depressão grau moderado! Isso em março de 2023.
Precisei me afastar do trabalho, perdi concentração, tinha dores musculares, com falta de ar. Entendi e aceitei que estava doente, afinal homem não chorava!
Em agosto de 2023, seguindo os conselhos de meu médico e psicóloga, resolvi mudar meu estilo de vida, não imaginava como, afinal eu era sedentário com experiência de 35 anos no assunto.
Em agosto senti minha alma sair do corpo correndo 500 m, como vc bem descreveu. Rssss.
Em setembro de 2023, fiz minha primeira prova de 5 km correndo, e fazendo uso das minhas crises para treinar além do que eu podia, eu usava a adrenalina para me superar, resultado uma lesão no joelho direito, por falta de fortalecimento, mas quer saber o prazer dos meus primeiros 5km, me deixou numa alegria eufórica, onde anunciei a todos que me apoiaram no meu retorno a vida, com sinceros agradecimentos.
Hoje, aprendi a lidar com a ansiedade através da terapia e acompanhamento médico, mas já estou em processo de alta médica.
Lição que passo a todos é que a corrida é algo terapêutico, não é terapia.
Olá Marcelo ! Que história legal ❤️
Também estou no processo da terapia e como você bem pontuou a corrida é algo terapêutico 😊😊😊
Olá Marcelo, que história bonita a sua !
E concordo com você sobre a terapia.
Comecei fazer e junto com a corrida tem me ajudado bastante.
Fico feliz que está dando certo na sua vida .
Felicidades